Como se de um jogo
se tratasse, o executivo camarário reuniu as forças da cidadania activa
concelhias, para um exercício de participação e de empenho colectivo, sob a
égide da Agenda XXI Local da Mealhada.
Não é possível
deixar passar em claro o exercício de desprezo e de desrespeito que presenciei e
que experienciei.
Num fórum local de
sustentabilidade, numa rara oportunidade dada à população para produzir algo
para oferecer aos seus eleitos, num documento que se pretende, entre outras,
estruturante, integrante, plural e politicamente transversal, extravasam e
tentam impor-se valores bem diferentes.
Vou mesmo evitar
maçar com esclarecimentos e explicações sobre os trabalhos da Agenda XXI Local
Mealhada, deixando essa vacuidade e aparência para uma oleada máquina que
publicará, com toda a certeza, numa destacada página deste mesmo
jornal.
Vou antes falar da
marca que conduz os destinos do concelho.
Durante todo o
processo, com o objectivo, bem interiorizado, de colaborar na procura do bem
comum assumiu-se cidadania, exploradora das valências ricas e transversais de
todos participantes.
Essa foi a marca e
o exemplo que, reconhecidamente, enquanto cidadãos
deixámos!
A marca de quem,
com maior ou menor capacidade de análise, deixou a sua opinião, a sua visão, a
sua proposta de acção, sobre a sustentabilidade da Mealhada enquanto concelho
uno mas, ainda assim, tão diverso na identidade do seu povo e das suas
necessidades.
Espanto! Foi
precisamente essa a marca desrespeitada.
Num exercício de
soberba e de infantilização da plateia, o sr. Presidente da Câmara brindou-nos
com a tão conhecida eloquência de quem não ouve, de quem não atende, de quem
vive isolado na douta e infinita sapiência de uma escola gasta, agastada e
infértil.
Gasta porque
vetusta e ultrapassada!
Agastada porque
derrotista e em final de ciclo!
Infértil porque
estimula a inconsequência da acção e do envolvimento da
comunidade!
É inadmissível que
a resposta a tudo quanto foi proposto pelos envolvidos esbarre em limitações de
base legal.
Não sr.
Presidente, o que lhe foi apresentado é político!
Consigo perceber o
desconforto, porque o que lhe foi proposto por todos foi muito mais profundo do
que olhar.
Foi-lhe proposto
construir uma visão, uma estratégia, com alguns pontos saídos directamente da
boca de concidadãos, ou seja, democracia participativa, plural e igualmente
directa.
Não há gaveta que
possa albergar esta força, esta vontade e este querer
colectivo.
Já se espera que a
réplica deverá ser dura e implacável, venha ela pela via do silêncio dos
intocáveis ou pelo desmoronar de castelos de argumentação de quem domina
dossiers e dossiers municipais, pilhas de legislação, fundamento
político e doutrinário.
Há, no entanto,
coisas que não conseguirá desmontar, sendo uma delas a ausência e o desprezo
absoluto do PS Mealhada em relação aos trabalhos e à consequência política do
último sábado e da Agenda XXI Local da Mealhada.
Admito que as
motivações e as razões do alheamento possam ser várias mas, essas ficarão para
futuros encontros!